Campanha de incitação e a xenofobia é irrealista em Angola


 


O Presidente da República, João Lourenço, considerou infundados e irrealistas os receios de alguns analistas da política nacional, que apontam para o surgimento de uma campanha de incitação ao racismo e à xenofobia em Angola.

Em reacção aos debates públicos à volta da nacionalidade adquirida por dirigentes de partidos políticos e a probabilidade desses aspirarem a concorrer, algum dia, ao cargo da mais alta magistratura da Nação, João Lourenço disse não ser realista, nem credível falar-se de algum plano de incitamento ao racismo e à xenofobia, quando o país pagou um preço muito alto com a perda de vidas humanas e infra-estruturas, teve um empenho e forte engajamento na luta contra o regime racista e segregacionista da África do Sul.

Durante o seu discurso na abertura da 2ª sessão ordinária do Conselho da República, realizada esta terça-feira, 2 de Março, João Lourenço afirmou que a análise sobre o objectivo do debate vem sendo manipulada e deturpada por conveniência de uns poucos, como se o assunto se tratasse da dupla nacionalidade para a generalidade dos cidadãos, condição que hoje não está vedada a nenhum angolano, salvo a excepção prevista na Constituição.

Ao longo de séculos, recordou o João Lourenço, toda a luta pela nossa emancipação, pela nossa Independência Nacional, foi ao mesmo tempo contra a segregação racial, contra o racismo. Portanto, “tolerar o racismo e a xenofobia seria negar a nossa própria história”.

Mesmo não vendo sinais preocupantes, o Estado está atento, alertou o Chefe de Estado, assegurando que, se eventualmente surgirem, com certeza serão combatidos e sanados imediatamente.

“Todo o barulho à volta deste falso problema procura, sobretudo, fomentar a divisão entre os angolanos, entre as diferentes regiões do país, entre as diferentes tribos e etnias que compõem o nosso rico e vasto mosaico cultural, e que sempre viveram e continuarão a viver em perfeita harmonia, a julgar pela nossa história, pela nossa cultura e vivência social”, frisou o Presidente da República.


Outra questão que também mereceu referência do Presidente da República é a destruição e vandalização dos bens públicos.

João Lourenço disse ver com preocupação o surgimento generalizado da prática da profanação dos símbolos nacionais e de monumentos de figuras históricas, a destruição, roubo e vandalização de bens públicos, como habitações, subestações eléctricas, postos de transformação, escolas, unidades hospitalares e outras infra-estruturas, que existem para servir as populações e que custaram bastante aos cofres do Estado.

O Presidente da República tem conhecimento que esta actividade criminosa vem sendo desenvolvida quase sempre por jovens com ganância pelo lucro fácil, sem se importarem com os grandes danos causados às comunidades de que eles próprios são parte.

“É evidente que as autoridades competentes vão redobrar os esforços no combate a este novo tipo de crime, mas estamos convencidos de que só obteremos bons resultados se toda a sociedade estiver envolvida na luta”, referiu.

Tendo em conta o papel que os jovens sempre desempenharam nas diferentes etapas da história do país, conclui que, “no geral, os jovens não destroem, os jovens constroem! Construíram a nossa Independência, construíram a paz e a reconciliação nacional, estão hoje a reconstruir as infra-estruturas do país, estão a construir o presente e o futuro de Angola”.

Os jovens angolanos foram alertados a não se deixarem levar por maus conselhos, más companhias, e a não tornarem-se famosos pela negativa, pela prática de actos que em nada dignificam a juventude angolana de quem tanto o país se orgulha.

Sobre o encerramento de templos de uma das igrejas reconhecidas, que tem presença em praticamente todo o território nacional, face à presunção do cometimento de crimes graves por alguns líderes e pastores, o Presidente da República disse que os processos correm os seus trâmites normais junto da Procuradoria-Geral da República.

Entretanto, alertou que na tentativa da busca da verdade dos factos para não cometer injustiça, a Justiça por vezes é lenta e, com isso, ficam milhares de fiéis sem poderem exercer o direito de culto que a Constituição e a lei lhes confere.

“Ao Estado compete encontrar uma saída, dando tratamento diferente aos indiciados na presumível prática dos crimes, e outro aos fiéis que se sentem prejudicados com esta situação criada não pela igreja, mas por cidadãos da igreja que devem ser os únicos a pagar por eventuais crimes que tenham cometido”, esclareceu.

Campanha de incitação e a xenofobia é irrealista em Angola Campanha de incitação e a xenofobia é irrealista em Angola Reviewed by Jornal Casa-Verde on março 03, 2021 Rating: 5

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